segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

[Silver] Não veja na novela!

Mandou para um lugar não muito confortável meia dúzia de parentes, que o julgavam por seus andares desequilibrados e seu brinco, recém colocado.
Decidiu que não havia porque se preocupar com ninguém, afinal era maior e ninguém nunca se preocupará com ele, sabia que mesmo com tamanha família, e manada de “amigos” tão pouco um pouco fariam para ajuda-lo, resolveu recorrer a “Pai Fernandes” bem falado naquela região, e descobriu que nem esse que carregava estampado em postes ou em pilastras de ponto de ônibus tão pouco exercia papel de “Pai”, cobrava por uma ajuda... Oras!

Ficou zangado e viu que mais uma vez não tinha ninguém naquele congestionamento de gente "vivente".

Pegou suas poucas roupas jogou-as na mochila e foi “caminhar”, escolheu a direção do vento que o empurrava para o norte, foi caminhando assoviando uma musica que conhecia só por assovio...


Moon River, wider than a mile...

Reparou que jamais em tanto tempo naquele lugar tinha reparado no céu, visto as árvores centenárias que descansavam naquela praça onde nasceram, e como ele jamais saíram daquela terra.




De certa ou errada forma descobriu que tinha muito o que descobrir, muito o que não aprender, pois já tinha aprendido tanta coisa com quem andará até aquele momento que era melhor deixar o desapego tirar dele alguns costumes que cultivava até ali, ficou reparando nos homens que por ele passavam, todos de terno alinhado, todos muito bem vestidos, mesmo que sem vestidos afinal homem que é homem não usa vestidos.
Resolveu que aquela cidade vestida de concreto já estava calejando seus sentimentos, que era hora de conhecer a civilização, elaborou um plano, um roteiro um tanto sem destino, mas que segundo o mesmo esvaziaria tudo de refinado e chique que aprendera.



Três ou Dez léguas andadas descobriu que seu plano nenhum pouco santo estava no fim, a fome apertou e um camburão virou a esquina em sua direção, dois soldados amarelos desceram e mandaram que colocasse as mãos para o alto berrando em voz alta que mostrasse sua carteira de trabalho, coisa que semanas antes tinhas rasgado por revolta, enquanto o motorista terminava de puxar o freio de mão, no estralo final da lavanca de freio lamentou a si mesmo não ter tal documento, e avisou que não o possuía.
Os soldados escancararam um sorriso mais amarelo ainda em suas faces, e como ar de gloria, o carregaram para a jaula do camburão, sem nem ao menos perguntarem seu nome.
Horas de sacolejo rendeu mais dois vagabundos para aquela jaula, que entre freadas e curvas parou em frente a uma delegacia que mais parecia um matadouro.

Os vagabundos foram tirados da jaula e levados a uma sala nos fundos daquela que mais parecia um matadouro, os três foram jogados pra dentro da cela, e avisados que vaso estava entupido, mas em momento algum foi perguntado seu nome.
Lá descobriu que passaria alguns dias com seus dois novos amigos, que até então eram só mais dois vagabundos.
Os vagabundos tinham nomes e eram dois compositores que o governo de tal época não gostava de suas letras convincentes e enganadoras que viviam compondo em forma de protesto...[Censurado]


... levantou e saiu cambaleando ainda tonto só que agora sem sua mochila, sem saber onde estava e sem nenhum dinheiro no bolso mas com as idéias que havia adquirido naquela semana que ficou preso com os dois companheiros ilustres, concluiu como eles que a vida era um poema, uma canção, uma recordação, uma orgia melódica que não podia ser publicada e muito menos revisada ou adicionar emendas.

Mas isso é segredo, não vá publicar na novela das oito!


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[silver] "Que os pensamentos tornem-se a expressão do corpo"