quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

[Silver] Quente




__"Parece que não há mais o que postar, parece que não há mais o que dizer.
Fica calado, com as palavras na boca, pensando, analisando e com isso o tempo passa.
Os dedos não mais se importam em serem uteis, tão pouco querem trabalhar.
A mente vazia clama por matéria, clama por vontade ou nem que seja um ilustre desejo."




Aos poucos vamos analisando o caos que é a vida em sociedade, vemos os diversos tipos de pessoas que circulam a nossa volta, pessoas das quais tão pouco sabemos, alem de suas fisionomias um tanto pálidas, seja na rua ou no ônibus que para variar mantem-se lotado.
O calor fez-se insuportável, fez-se valer o seu valor...

A volta parecia densa, o caminho se alongava não só pelo peso da mochila nas costas, mas por saber que mais um ônibus estava a minha espera, seguindo para o ponto onde iria encontrá-lo.
Parei enxuguei o suor que surgia na testa, e só um sabor me veio a cabeça naquele terminal lotado, o sabor da Coca, abri a carteira e notei que não existia mais a cédula de “um real”, em seu lugar pesava uma tartaruga marinha, levado ao impulso de adquiri uma lata daquela bebida “refrescante” não perdi meu tempo analisando valores, até ao pedir a Coca e entregar a tartaruga marinhas, notei que ainda faltava meio valor da cédula que faltava em minha carteira.
Tão pouco exitei em pagar one dólar and forty two cents em trezentos ml’s de um “Xarope” com formula duvidosa.

Segui meu caminho, sem pouco reparar no que acontecia ao meu redor, estava bebendo de forma prazerosa o que Valheu minha tartaruga marinhas e mais um quarto da mesma.
Segui meu rumo até que um moleque de rua, todo sujo, com um olho um tanto inchado e com as roupas esfarrapadas me pede algo, imaginei ser grana, e logo disse que não tinha (afinal não tinha mesmo) mais uma vez me pede algo, desta vez já atento escuto bem seu pedido, ele pedia um gole de minha tão valiosa Coca, senti a vontade de negar- lhe mas algo me disse que o mesmo sabor que senti a pouco, não seria mais o mesmo, aos poucos a lata se desprendeu de minhas mãos e senti o chão, senti a turbulência, senti o ódio de estar ali e fazer parte de tudo aquilo sem ao menos ser consultado.

O sol já havia sumido por detrás daqueles prédios cinzas, daquela fumaça carbônica, daquele som inconfundível. O calor ainda estava presente, porem nas faces cansadas e um tanto exaustas das pessoas que passavam, mostravam mais preocupação com mais um começo de noite chuvosa do que aquele calor torturante.



O tempo é confuso, é turbulência pura, sabendo disso continuei caminhando sem perder a noção da confusão que via.
O ponto chegou, o ônibus chegou e eu não chegava nunca em minha casa, não chegava nunca em meu destino, logo soube que o caminho é longo!

Um comentário:

  1. O último andarilho que me pediu alguma coisa foi na Liberdade. A coisa era meu misto quente. A fome era tanta que não soube ser generosa. Pedi desculpa, apontei meu estômago como protagonista e fui embora.

    Esse ar da cidade tem muito disso. Ao menos para mim; choque cultural e social, gente, cores no monocromático. Ônibus sem fim, caminhos sem fim, rotina sem sim - e, ainda que cotidianas, por vezes sem rumo.

    ResponderExcluir

[silver] "Que os pensamentos tornem-se a expressão do corpo"