terça-feira, 22 de março de 2011

[Silver] Saudades Pernambuco se fez carnaval.

Um coração Pernambucano parte em disparada cruzando estados por céu, segue avexado para sua terra de origem, num nordeste tão virtuoso de céus tão cabuloso.
Chega em passos longos, em quilômetros esticados sobre a tira de estrada que o levara para casa.
A placa avisa o pouco que falta, coração se avexa seus olhos protegidos por seu Ray-ban de lentes claras se enchem de lagrimas ao sentir o vento no rosto, ao ver sua cidade mudada.
Sua mente apaga a metrópole que a poucas horas abandonará.

Atira-se as casas habitadas por gente do seu sangue que não os esperava, sorrisos e lagrimas numa mistura desequilibrada os corpos suados se juntam sem nojo, abraços de desmontar esqueletos, logo chamado de filho pra tudo que é lado.

A cidade de vista não mudou muito, ainda podia ver a maternidade, a velha praça agora organizada por um semáforo só, pobre dele que deveria sentir-se só naquela cidade, podia na mesma vista ver sua primeira escola e o matadouro.

O cabaré de Creuza, o banco de feira e a igreja.
Sentou-se mais que depressa pois já era hora de almoçar, já em uma casa que anos não sentava por lá, mesa farta, que faltava gente, mesa rústica que simulava o esquecimento.

Amigos já todos arrumados, casados, enrolados, engravidados.
A noite o põe na cama, após exibir o mais belo céu estrelado com meia lua magrela.
Noite calada, noite quente.
Manhã gritante, cantante pode ouvir o canto sereno de uma violeira feliz.

Assim se vê o açude que a tanto tempo não lhe vem servir, o açude agora já sem água, somente na pedra e na saudade.
Os bois magros não estavam, todos gordos assim como os porcos e sapos.
Duas ou três gurias o viram passar, sentiram o perfume e se puseram a comentar.

Abraços e filho pra tudo que é lado, sorrisos de um povo que de tão sofrido aprendeu a amar, seja a cachorra Baleia se o gado a matar.
Cordel do fogo encantado, cantadores ouvidos ao longe, panela de barro no fogão de lenha, areia se desprendendo das telhas.
Alpercatas nos pés donos de unhas sujas, mas que se gastavam a andar.

Custo de vida caro,

A noite foi chegando, a saudades no peito bateu, saudades de sua guria.
Um velho seu faleceu, fez cara de choro e de pena, mas só lamentou por quem ficou com saudades, do seu padrinho querido que de longe era lembrado.
Sua volta foi no espreita pela lua que lhe clareava guiado pela saudades, da sua pequena amada.



-não me recordo de como se escreve, não me recordo!
  essa minha cabeça que vem por aqui envelhecendo, esquecendo de tudo que vivi.
  sobrou a sobra de duas ou três lembranças.

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